terça-feira, 27 de agosto de 2013

#5



O diabo bate à minha porta e nem tenta passar despercebido. Veste a pele de um cordeiro, improvisada e pobre, tentando enganar-me com um olhar que não lhe pertence. A quem terá roubado aqueles olhos amendoados? Quem terá morto neste longo caminho que o trouxe até mim? Pertencerão aquelas esferas a alguém que me foi importante? Não os reconheço, não os memorizei na minha mente, mas sinto-os como se me pertencessem. Ferem-me a alma. Queimam-me o corpo. Está na hora de exorcizar esta presença da minha porta. Lançar água benta na madeira e pendurar a cruz que irá afastar os demónios que me perseguem. Volta para o fogo que arde no inferno e não voltes. Leva para longe de mim esses olhos que com tão pouco me magoam tanto. Definha no teu leito pela quase eternidade. Mas espera-me, mesmo que seja com esse sorriso cínico de quem se julga invencível. No dia em que os anjos lutarem voltaremos a encontrar-nos. 

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Pesadelos do passado.

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