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Guardo um desejo secreto dentro de mim, não desde sempre mas que me irá acompanhar para sempre, sei-o de cor. Fecho os olhos e imagino-me a cumprir este meu sonho. Nunca será um fetiche estranho, um daqueles que se dizem por entre sussurros e risos. Daqueles que se cumprem com uma qualquer pessoa que alinhe com as nossas palavras ditas de rajada. Isto não é algo simples, que se resolve numa noite de loucura. O que eu quero vai muito para além disso. Seria eu e um outro corpo semelhante ao meu. Seria todo o erotismo e sensualidade que só as mulheres sabem ter. Não, não estou confusa. Não, não enlouqueci. Não estou a «sair do armário» nem sequer a assumir-me como algo que não sou. Quero experimentar novas sensações, apenas isso. Sentir  em mim o abraço que hoje entrego a alguém que o recebe com um sorriso e um prazer que não sabe explicar. Sentir o que é ser descoberta por alguém que conhece o meu corpo melhor do que eu. Descobrir o corpo de alguém que se assemelhe fisicamente a mim. Não nas curvas ou no tom de pele, o exterior não me interessa. Apenas quero que me compreenda, que não me julgue. E alimento este meu secreto desejo em silêncio com medo que me olhem de lado. Com medo que me julguem uma predadora, à procura da sua vítima em cada olhar que lanço. Não é por desejar algo diferente que isso me torna alguém louco e a evitar. Bolas vivemos no século XXI e nem assim podemos assumir os nossos desejos, por muito estranhos que possam parecer a muitos dos olhos. Sim, queria amar uma mulher. Sim, queria saber o que é tocar e ser tocada de uma forma delicada. Feminina. Amo os homens, o meu homem, mas tenho a certeza que também conseguiria amar uma mulher da mesma forma. Isso faz de mim louca? Então que o seja. Vivo feliz na minha loucura.